Mercado de energia mostra resiliência na pandemia e sinaliza crescimento e transformação para os próximos anos

Entender o momento pelo qual estávamos passando foi essencial para encarar as consequências da crise e obter êxito nos resultados das negociações.
mercado livre na pandemia

Para enfrentar a crise provocada pela pandemia foi preciso muita resiliência e persistência. Entender o momento pelo qual estávamos passando foi essencial para encarar as consequências da crise e obter êxito nos resultados das negociações. Confira mais detalhes no artigo da Nadiesca Casarin, Gerente Comercial na CAMERGE.

Em 2020, o Mercado Livre de Energia passou por momentos significativos e consolidou sua dinâmica de acordos bilaterais. A pandemia do coronavírus afetou diretamente os negócios de energia como poucas vezes desde 1998, quando foi publicada a lei federal 8.674, considerada o marco do atual sistema elétrico. Resiliência foi a palavra-chave para enfrentar as consequências da grande redução no consumo de energia no país, ao mesmo tempo em que o preço caía vertiginosamente. Foi uma verdadeira prova de fogo para o Mercado Livre, que se provou não só robusto e consolidado, como promissor para 2021 e os anos seguintes.

Na CAMERGE, empatia e disposição para o diálogo foram as armas empregadas na intermediação de dezenas de negociações ocorridas nos últimos meses entre vendedores e compradores de energia. O resultado foi exitoso. Podemos dizer que encontramos soluções criativas para atender as necessidades das partes, que contribuíram com bom senso e boa vontade. Negociações então vigentes foram mantidas, e a adimplência de contratos preservada.

Encerrado o período mais difícil, a robustez do Mercado Livre de Energia ficou evidente para todos os agentes. Sem quebras de empresas e com inadimplência sob controle, os pilares do setor elétrico foram mantidos e reforçados, com destaque para as entidades que controlam o setor, que atuaram de forma certeira para manter o equilíbrio do sistema. Claro que pagaremos a conta da COVID durante os próximos anos, mas são prejuízos financeiros, enquanto a credibilidade e confiança de investidores e usuários permanece intacta.

Em Santa Catarina, onde estão a maioria de nossos clientes, empresas têxteis e do setor metalmecânico estiveram entre as que mais sofreram com a crise econômica causada pela pandemia. Felizmente, a recuperação tem sido rápida e consistente, com perspectivas promissoras. Muitas empresas de ambos os setores não só já consomem energia nos mesmos patamares pré-pandemia, como também planejam incremento para os próximos anos. Mais uma vez a indústria catarinense mostrou força e competência, atributos fundamentais para superar uma das maiores adversidades da história mundial.

A perspectiva para o ano que vem é de crescimento no número de empresas decididas a migrar para o Mercado Livre. Boa parte delas esperava oportunidade de economia maior com a migração. E essa oportunidade apareceu. Durante a pandemia, o preço da energia para 2021 atingiu valores muito competitivos. Por isso várias empresas fizeram o movimento de compra de energia em 2020 para viabilizar a migração no ano seguinte com excelentes resultados. O impacto será sentido no ano que vem, uma vez que é necessário o cumprimento do contrato de energia com a distribuidora, pois a denúncia deve ser feita com no mínimo 180 dias de antecedência em relação ao término.

Os próximos anos também serão de transformação no Mercado Livre de Energia. A expansão vem sendo discutida não é de hoje, e a tendência é de abertura integral para todos os consumidores, inclusive residenciais. A dúvida é apenas como isso irá ocorrer. Há quem defenda, por exemplo, que os consumidores com demanda contratada inferior a 500 kW deveriam migrar somente abaixo de um comercializador varejista. Também há desafios, como no caso dos consumidores de baixa tensão, que demandam adequação dos medidores e a operacionalização do balanço entre oferta e demanda de energia.

Outro aspecto positivo é perceber os consumidores cada vez mais empoderados pelo poder de escolha. São poucas, em Santa Catarina, as empresas que, cumprindo os requisitos mínimos para migração ao Mercado Livre, ainda não tomaram essa decisão. Além disso, um projeto de lei que tramita no Congresso prevê a redução desses requisitos mínimos. A proposta do PLS 232/2016 é que, em um prazo de 42 meses após a sanção da lei, todos os consumidores, independentemente da carga ou da tensão utilizada, poderão optar pelo ambiente livre, algo que já ocorre em alguns outros países.

Essa provável abertura tem despertado o interesse de players de peso do setor elétrico. Grandes geradores, por exemplo, estão investindo fortemente em projetos de usinas, principalmente eólicas e solares, para atender a demanda futura. Enfim, depois de ser infectado na pandemia, o Mercado Livre mostrou força na recuperação e agora dá claros sinais de vitalidade para os próximos anos.

Texto originalmente publicado em 30 de novembro de 2020.

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